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A Oração Eficaz

Por Eduardo Feldberg - Fevereiro/2010

 

Assim como entre os homens, uma das formas mais comum de comunicação entre Deus e o homem é a fala. Apesar de o Senhor conhecer nosso coração, nossos pensamentos e as palavras que ainda nem chegaram aos nossos lábios, Ele gosta de se relacionar conosco, de ouvir nossa voz, como bom pai que é. Apesar de ser simplesmente uma conversa entre Pai e filho, com o tempo, este procedimento foi meio formalizado com o título de oração, e algumas pessoas estabeleceram “métodos corretos”, “procedimentos específicos”, gerando receio e preocupação em pessoas que pensam “não saber orar”, esquecendo-se que isso nada mais é que uma simples e agradável conversa entre Pai e filho!

 

Em diversos versículos, somos orientados a orar, buscar, clamar, chorar, interceder, exprimir ao Senhor nossos pedidos, sonhos, desejos, lamentos e até mesmo queixas, afinal, Ele nos conhece por dentro e por fora, e tudo isso visa cultivar um relacionamento entre Ele e nós. Como Pai, Deus nos incentiva a conversar com Ele, pois isso demonstra que cremos e nos agradamos n’Ele, e que confiamos e dependemos de Sua provisão.

 

Vejamos alguns versículos que nos aconselham a orar:

 

 

  • “Quero, pois, que os homens orem em todo lugar...” 1 Timóteo 2.8

  • “Pedi e dar-se-vos-á...” Mateus 7.7

  • “Orai sem cessar!” 1 Tessalonicenses 5.17

  • “Não estejais inquietos por coisa alguma. Antes, apresentem suas petições diante de Deus...” Filipenses 4.6

  • “Perseverai na oração...” Colossenses 4.2

 

 

Ao lermos textos como esses, podemos entender que tudo o que pedirmos nos será dado, não é mesmo? Humm... Mais ou menos, e é por isso que resolvi escrever este artigo.

 

 

Dentre as matérias estudadas pela Filosofia, está a Hermenêutica, que é a ciência que estuda a interpretação correta de significados dos textos, e uma das vertentes desta ciência é a Hermenêutica Bíblica, exclusiva para interpretações das Escrituras. Nela, vemos que há algumas regras a serem observadas para a extração correta de verdades, princípios, mandamentos e promessas da Bíblia, e dentre estas regras, temos uma que diz que “para interpretar um trecho da Palavra, é necessário consultar passagens paralelas nas próprias Escrituras, que concordem com o trecho em questão”. Ou seja, todos os princípios, conceitos e ideias que afirmamos com alguma base bíblica (principalmente os extraídos de versículos isolados) devem se harmonizar com todo o restante das Escrituras, a fim de não criarmos uma heresia! Vou dar um exemplo:

 

Ao lermos um versículo como “Tudo o que pedirdes em meu nome, eu o farei...” (João 14.13), entendemos que podemos pedir qualquer coisa pra Deus, e Ele nos dará, desde que seja pedido em nome de Jesus, porém, isso não é verdade, ou melhor, não é toda a verdade, pois tomamos um versículo isoladamente, sem analisar o restante das Escrituras, que complementam este texto. Realmente, para uma oração ser atendida, ela precisa ser feita em nome de Jesus, como analisaremos a seguir, porém, ela precisa cumprir outros requesitos para ser atendida, e não apenas este! Ela precisa, por exemplo, ser feita com fé, afinal, quem ora sem fé não recebe nada (Tiago 1.6, 7), precisa ser feita conforme a vontade de Deus (1 João 5.14), portanto não basta apenas ser feita em nome de Jesus, mas precisa cumprir outros pontos requeridos, e é sobre eles que escreverei neste artigo. Costumo ouvir que “não existe oração forte e oração fraca”, mas tenho que discordar disso, afinal, se uma oração conflitar com as exigências de Deus, infelizmente (ou felizmente) será uma oração fraca, sim, ou seja, uma oração que não terá frutos. Se um orador está cheio de pecados, com uma vida relaxada, efetivamente fará uma oração com menos “efeito” que uma pessoa que vive a Palavra de Deus, justificada pelo sangue de Cristo. (Tiago 5.16)

 

Vamos analisar os pontos que devem acompanhar uma oração, para que ela seja eficaz! Alguns destes requisitos já são bem conhecidos, outros se encontram meio “escondidos” em trechos da Palavra, e muitas vezes não muito reparados.

 

 

 

1) A ORAÇÃO EFICAZ DEVE SER FEITA NO NOME DE JESUS

 

“Em verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vos dará.” João 16.23

 

 

A Palavra nos informa que devemos sempre orar em nome de Jesus. Algumas pessoas se esquecem disso, e sequer mencionam o nome de Jesus nas orações. Particularmente, faço questão de mencionar sempre o nome de Jesus em minhas orações, e principalmente declarar o famoso desfecho:

 

“... eu oro em nome de Jesus, amém!”

 

Não se trata de um ritualismo, mas sim de uma declaração que nos lembra de que a oração é feita por causa de Jesus, convictos de que sem Ele, não teríamos acesso ao Pai. Foi Cristo quem nos uniu ao gracioso trono de Deus, e apenas nos valendo dessa conquista, podemos nos achegar a Ele e sermos ouvidos. Como Cristo mesmo disse em João 14.6, ninguém chega ao Pai senão por meio do Filho, e isso não apenas fisicamente, mas também em oração. Paulo concorda em 1 Timóteo 2.5 que não há outro elo entre Deus e o homem a não ser Jesus Cristo, portanto sempre que orarmos, devemos nos lembrar de que todas as nossas orações devem ser feitas em nome de Jesus.

 

 

2) A ORAÇÃO EFICAZ DEVE SER FEITA COM FÉ

 

“E tudo quanto pedirdes em oração, crendo, o recebereis.” Mateus 21.22

 

Outro ponto importante numa oração se refere à fé que deve acompanhá-la. A falta de fé demonstra dúvida, incerteza, falta de confiança no que Deus diz. Uma oração assim não será respondida. Vemos em Tiago 1.6 e 7 que uma pessoa que ora sem fé é como uma onda, que é jogada de um lado para o outro e não se estabelece, e os que agem assim certamente não receberão nada do Senhor. Se pedirmos algo para Deus pensando que Ele não nos ajudará, é melhor nem falarmos nada. É imprescindível crermos que Deus é Deus, e pode nos ajudar!

 

Jesus disse que precisamos ter fé como um grão de mostarda, ou seja, uma fé crescente. Jesus não disse que devemos ter uma fé “pequena como” um grão de mostarda (como alguns interpretam), mas sim “como” um grão de mostarda. Não se referiu à pequenez da mostarda, mas sim à forma com que ela cresce, e deixa de ser a menor semente para se tornar uma árvore imensa quando bem tratada. Jesus nunca admirou nem elogiaria uma fé pequena! Lembra-se do centurião de Cafarnaum? Jesus o elogiou, pois o centurião sabia que não apenas Jesus podia curar seu criado, mas que iria fazê-lo! O Mestre não precisaria nem mesmo ir até sua casa. (Mateus 8.8) Isso é fé! Muitos dos outros ouvintes ali presentes poderiam ter pensado:

 

- É melhor Jesus ir até minha casa, senão Ele pode desistir, ou se esquecer. Estando lá é mais garantido!

 

Mas o centurião sabia que Jesus iria curar seu criado, e não fez questão de levá-lO até sua casa. Essa é a parte difícil da fé: Crer que Deus não apenas pode fazer, mas que vai fazer, e precisamos crer assim, e aprender com este centurião! Lembre-se que quem ora sem fé não recebe nada! Sempre que orarmos, precisamos orar com fé!

 

 

3) A ORAÇÃO EFICAZ DEVE SE HARMONIZAR COM A VONTADE DO SENHOR

 

“E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve.” 1 João 5.14

 

Algumas vezes esquecemos a afirmação “seja feita a Sua vontade acima da minha” e passamos a requerer de Deus o cumprimento da nossa própria vontade, apenas. Algumas pessoas chegam a exigir de Deus certas coisas, dizendo que essa postura é uma “demonstração de fé”, porém, isso é insensato e devemos sempre seguir o exemplo de Jesus no Getsêmani (Mateus 26.37), colocando em primeiro lugar a boa, perfeita e agradável vontade do Senhor (Romanos 12.2) acima de nossos interesses. Se orarmos algo plenamente bíblico, como a solicitação de cumprimento de uma promessa de Deus, não se faz necessário reiterar que a vontade d’Ele deve ser feita, pois já sabemos que aquela é Sua vontade, mas quando pedirmos bênçãos específicas, sem o respaldo claro da Palavra, devemos salientar que a vontade de Deus é mais importante que o nosso desejo.

 

Quando nos conectamos com o Senhor, passamos a pensar como Ele (1 Coríntios 2.16), e isso é o ideal, pois estando junto d’Ele, saberemos que nossos desejos são naturalmente os Seus desejos, e eventuais divergências serão conciliadas e harmonizadas quando abrirmos nosso coração e deixarmos o Senhor agir em nós, moldando integralmente nossos planos aos d’Ele. Alguns pedidos são claramente contrários à Palavra, mas há momentos em que não sabemos muito bem se nossa oração difere da vontade de Deus ou não, e, assim, devemos garantir nosso bem deixando o Senhor agir soberanamente. O Espírito Santo nos auxilia e nos ensina a orar como devemos (Romanos 8.26), mas para isso, precisamos abrir nosso coração e deixá-lO agir em nós, pra que nossa oração seja sempre conforme a vontade do Senhor.

 

 

4) A ORAÇÃO EFICAZ NÃO PODE SER EGOÍSTA

 

“Vocês pedem, mas não recebem, porque pedem mal, para o gastardes em vossos próprios deleites.” Tiago 4.3

 

Além de orar conforme a vontade de Deus, precisamos também conferir se nossas orações não são orações egoístas. Não que todas as nossas orações devam ser exclusivamente para o benefício alheio, mas devemos atentar para a real motivação de nossas orações. Uma pessoa egoísta não é uma pessoa que pensa em si mesmo, mas uma pessoa que só pensa em si mesma, a despeito dos outros, e dos meios adotados para se beneficiar. Podemos pedir coisas que desejamos, como uma casa bonita, um bom carro, ou o que quer que seja. Isso não é um pecado. O problema é quando pedimos coisas com um coração solipso, que prioriza sempre o crescimento do próprio ego, seu enriquecimento, seu bel-prazer, com intuitos errados, como o de ostentar bens adquiridos, exibicionismo, vanglória, cobiça de bens alheios, etc. Tudo o que pedirmos deve ser feito para a glória do Senhor. Um objeto que você quer muito pode glorificar a Deus, mas dependendo do seu coração, e de suas ações e desígnios, podem não glorificá-lO. Ressalto que podemos e devemos pedir coisas para nós, e nem tudo o que pedirmos deve obrigatoriamente beneficiar outras pessoas, mas devemos ter cuidado com o intuito de nossa petição. Tudo deve ser para a glória de Deus (1 Coríntios 10.31), e não apenas pra satisfazer nosso ego.

 

 

5) A ORAÇÃO EFICAZ DEVE ACOMPANHAR UMA VIDA DE SANTIDADE E OBEDIÊNCIA À PALAVRA

 

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.” João 15.7

 

Eis outro elemento importante para o orador: Uma vida que agrada ao Senhor, pautada na Palavra de Deus. Uma vida norteada pelos princípios cristãos, que produzem num homem a estatura de varão perfeito. Lemos em Isaías 59.1 e 2 que nossos pecados fazem divisão entre nós e o Senhor, portanto, para nos comunicarmos com Ele, precisamos estar com uma vida aprumada. Ele não rejeita a oração de alguém que, após ter pecado, se apresenta diante do altar com um coração quebrantado e contrito, disposto a agir diferentemente. Precisamos viver a Palavra de Deus para nos achegar a Deus e sermos recebidos livremente.

 

Você lembra que no Antigo Testamento, o sacerdote tinha que estar plenamente puro e limpo antes de se apresentar ao Senhor no Santo dos Santos? Pois é... Jesus rasgou o véu que dividia o Santo do Profano, mas a necessidade de santificação para se adentrar à presença do Senhor permanece. Um relacionamento com o Senhor exige santificação. (2 Coríntios 6.14-18) Até mesmo Jesus, sendo quem era, foi “desamparado” quando assumiu o pecado do mundo na cruz. (Mateus 27.46) Em Deuteronômio 1.42 a 45, vemos um exemplo de oração rejeitada por falta de santificação do povo. O salmista também afirmou em Salmos 66.18 que o Senhor não atenderia a oração do homem enquanto este vivesse no pecado. Para sermos ouvidos e respondidos, precisamos viver uma vida de santidade.

 

 

6) A ORAÇÃO EFICAZ DEVE ACOMPANHAR UMA VIDA DE LEITURA E MEDITAÇÃO DA PALAVRA

 

“O que desvia os seus ouvidos de ouvir a Lei, até a sua oração será abominável.” Provérbios 28.9

 

Este versículo nos mostra algo importante. Encontrei-o há pouco tempo e o achei muito forte! Repare que no versículo, o autor não fala apenas sobre quem cumpre ou não a Lei (a Bíblia daqueles tempos), mas sobre aqueles que não têm interesse nela. Em todas as épocas do cristianismo, sempre houve convertidos que não se importaram com as Escrituras. Há cristãos que “já leram a Enciclopédia Britânica”, mas não leram o Livro de Deus, escrito pelo próprio Deus para Seus filhos, e isso é vergonhoso! Neste versículo, lemos que as pessoas que ignoram a Palavra também terão suas orações ignoradas por Deus. Deus ignorará as orações de quem despreza, subestima, menospreza e desrespeita as Sagradas Escrituras. Digamos que a atenção que você dá às palavras de Deus equivale à atenção que Ele dará às suas palavras. Para que nossas orações sejam ouvidas, precisamos ler e meditar na Palavra do Senhor.


 

 

7) A ORAÇÃO EFICAZ DEVE SER ACOMPANHADA DE PERSEVERANÇA E PACIÊNCIA

 

“Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.” Salmos 40.1

 

Algumas parábolas de Jesus nos motivam a não desanimarmos enquanto não obtivermos nossa bênção. Precisamos ser insistentes, persistentes e pacientes. Não podemos ser imediatistas, perdendo a esperança se não visualizarmos nosso pedido no nosso tempo. Deus sabe o que precisamos, e sabe melhor do que nós “para quando” precisamos. Em Hebreus 10.36, lemos que mesmo após Deus nos prometer alguma coisa, precisamos esperar e confiar n’Ele. A persistência é uma demonstração de fé, confiança e paciência, porém, devemos ter certeza de que nosso pedido deveras se enquadra nos requisitos de uma oração correta. Insistiremos inutilmente num pedido desaprovado por Deus, que contradiga Sua Palavra, como, por exemplo:

 

- Deus, abençoe este crime, e que o assassinato que cometeremos seja bem sucedido.

 

Se tivermos consciência de que nosso pedido se enquadra nos requisitos de uma oração “correta”, devemos nos manter firmes, sem esmorecer, crendo que no tempo oportuno teremos resposta. Muitas vezes eu já desisti de um pedido por falta de ânimo e perseverança, principalmente quando orava pela conversão de alguém. Sabemos da dificuldade de nos mantermos firmes em propósitos de oração muito demorados, e que ainda por cima parecem não gerar mudança alguma, mas precisamos amadurecer nossa paciência. Paulo nos disse em Romanos 8.24 que a verdadeira esperança é aquela em que não conseguimos enxergar nada! Se analisarmos a situação vivida por Daniel (Daniel 10.12, 13), veremos que se ele não se mantivesse por vinte e um dias orando e clamando por uma mesma oração, sua bênção não chegaria. Enquanto ele orava, travava-se uma batalha no mundo espiritual, e quanto mais ele orava, provavelmente mais força os anjos mensageiros recebiam para prevalecer e entregar a resposta. Essa situação se manteve até o momento em que Deus supostamente disse:

 

- Basta! Vá até lá, Miguel! Acabe com essa resistência de uma vez!

 

E resolveu o problema, mas, e se Daniel tivesse desistido rapidamente? E se ele perdesse a paciência no 20º dia? Muitas vezes teremos que ter paciência aguardando uma resposta de Deus, e em seguida, ter paciência aguardando o agir de Deus. Se quisermos receber nossa bênção, não podemos ser pessoas que desanimam fácil, imediatistas que querem tudo na hora, mas sim pessoas firmes e constantes, que oram com persistência e paciência, sem esmorecer!

 

 

8) A ORAÇÃO EFICAZ DEVE LADEAR A INDULGÊNCIA

 

“E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai que está nos céus vos perdoe as vossas ofensas.” Marcos 11.25

 

Este versículo nos orienta a acertarmos nossas “dívidas” com nosso próximo antes de levarmos a Deus nossas súplicas. Normalmente os versículos dizem que devemos perdoar para que sejamos perdoados, mas aqui, Jesus está dizendo que devemos perdoar as pessoas não apenas para sermos perdoados, mas para que possamos dar continuidade a nossa oração. Se não perdoarmos, não estaremos com “mãos limpas e coração puro”, portanto não poderemos subir à Sala do Trono. Numa ideia bem parecida com esta, Jesus disse em Mateus 5.23 que antes de oferecermos uma oferta ao Senhor, devemos nos acertar com nosso próximo. Como nossa oração sobe como incenso ao Senhor (Apocalipse 5.8), podemos considerá-la como uma oferta que só subirá quando nos acertarmos com nosso próximo.

 

Há um tempo, li uma frase interessante, de um autor desconhecido: “Deus está tão perto de você quanto a pessoa que você menos ama.” Antes de prosseguir com sua oração, certifique-se de que está tudo bem entre você e as demais pessoas. Isso nem sempre é fácil, pois há pessoas e situações injustas que dificilmente conseguimos perdoar, mas com a ajuda do Espírito Santo, podemos superar estes obstáculos e livrar nosso coração de todo ressentimento e culpa, sendo totalmente liberados para fluir no Senhor. Esforce-se! Se você não tem força para liberar o perdão, peça ajuda ao Senhor para que Ele gere em você esta capacidade. Seja indulgente, e suas orações subirão livremente até o trono da Graça.

 

 

9) A ORAÇÃO EFICAZ DEVE SER FEITA COM HUMILDADE

 

“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome se humilhar e orar, buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” 2 Crônicas 7.14

 

Quem é você? A resposta desta pergunta retórica é muito importante, pois precisamos ter consciência de quem somos diante de Deus. Não devemos nos subestimar, tampouco nos superestimar, mas ter um conceito equilibrado, embasado no que a Bíblia diz a nosso respeito. Digo isso, pois alguns pastores, crentes e oradores em geral têm assumido uma postura extremamente prepotente diante de Deus, exigindo isso, estabelecendo aquilo, impondo e determinando ações, exigindo que Deus aja como querem, confundindo quem é quem.

 

Em Lucas 18.10 a 14, lemos a parábola do fariseu e do publicano. O fariseu se exaltava, sobrepondo-se aos demais, afirmando que era muito justo e religioso. Em contrapartida, o publicano humildemente batia no peito, reconhecendo que era pó, e que precisava encarecidamente da Graça de Deus para prosseguir. Cristo nos disse que este foi justificado porque se humilhou, mas o outro não foi justificado, por ter se exaltado. Lembre-se que a confiança em Deus não nos dá o direito da exigência, nem pode anular nossa humildade. Temos acesso a diversos benefícios unicamente pela misericórdia de Deus, e a forma com que nos expressamos demonstra muitas vezes a expressão de nosso coração. Que saibamos orar com intimidade e amizade, mas também com submissão e reverência, lembrando-se de que Ele é o Criador, e nós, a minúscula criatura. A guisa de Jesus, devemos orar a Deus, antes de qualquer coisa, exaltando-O e elogiando-O. (Mateus 6.9) Depois, quando já tivermos convicção de quem Ele é, poderemos apresentar nossos pedidos ao Rei. Acheguemo-nos diante do trono da Graça com ousadia, porém, esta ousadia e confiança devem se aliar à humildade em nosso relacionamento com Deus.

 

 

10) A ORAÇÃO EFICAZ ANDA COM A MISERICÓRDIA

 

“O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não será ouvido.” Provérbios 21.13

 

Exceto as orações de agradecimento e adoração, a oração é na verdade um pedido da misericórdia de Deus para nós. Que bom que as misericórdias do Senhor se renovam diariamente (Lamentações 3.23), pois de outra forma, não alcançaríamos nada d’Ele. Tudo que Ele nos dá é um gesto de misericórdia. Agora, se estamos buscando a misericórdia do Pai, como a alcançaremos se não temos misericórdia para com nosso próximo? Se para sermos perdoados, devemos também perdoar, para alcançarmos misericórdia do Senhor, devemos oferecer misericórdia ao nosso próximo. Na parábola de Mateus 18, versículos 21 em diante, Jesus compara o procedimento de Deus com o de um rei misericordioso que se compadeceu de um servo e concedeu a ele um grande livramento. Porém, este servo não agiu de forma compassiva para com um servo seu, e isso fez o rei rever sua decisão. Como o servo não fora misericordioso, o rei também não o seria para com seu servo, e cancelou o livramento concedido, entregando aquele servo impiedoso aos torturadores. De igual forma, se queremos obter o favor e misericórdia do Senhor, devemos agir com misericórdia para com nosso próximo. Se formos pessoas intolerantes e impiedosas, não alcançaremos a tolerância e piedade do Senhor. No versículo deste tópico, podemos supor que “pobre” representa todos os que sofrem, não apenas com a fome, mas com doenças, injustiças, etc. Abra seus ouvidos para o clamor dos que sofrem, e faça sua oração confiantemente.

 

 

11) A ORAÇÃO EFICAZ REQUER UM RELACIONAMENTO SANTIFICADO NO LAR

 

 “... E estavam sujeitas aos seus próprios maridos. Como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo nenhum espanto. Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.” 1 Pedro 3.4-6

 

Nestes versículos, lemos que desentendimentos não resolvidos entre um casal podem ser obstáculos às orações. Repare que o alerta do versículo 6 não se limita à orientação final, mas a todo o contexto do capítulo, portanto a oração não é impedida apenas se o marido não honrar sua mulher, ou coabitar com ela sem entendimento, mas engloba também a atitude da mulher para com o marido e todos os alertas dados nesta seção do capítulo. Pedro dá diversas orientações ao casal, e no desfecho, afirma que se isso tudo não for levado a sério, as orações poderão ser impedidas de chegar ao seu alvo. Destarte, se você, marido ou esposa, estiver clamando, orando ou intercedendo por alguém, certifique-se de que tudo está bem em sua vida conjugal. Se você, mulher, está sendo submissa e obediente ao seu marido como Sara foi com Abraão, e se você, marido, está tratando sua esposa de forma honrada, compreendendo que ela é uma pessoa diferente, mais sensível, mais frágil, garantindo assim a paz no relacionamento. Engraçado que estes dois conselhos parecem abranger quase tudo o que um marido e uma esposa querem. A mulher costuma priorizar um tratamento digno, como uma pessoa sensível, sentimental, ou seja, quer ser amada, respeitada e sentir segurança. Já o homem, quer ser tratado como o “homem da casa”, o sacerdote do lar, com uma esposa submissa, obediente, respeitosa e amável. Estes procedimentos representam o necessário para a paz e harmonia no relacionamento, afinal, ambos se casaram, tornaram-se uma só carne e precisam estar de acordo para que suas decisões, ações e até mesmo orações estejam em concordância. Aja corretamente em seu lar, e esse correto procedimento assegurará que suas orações atinjam seu alvo.

 

 

12) A ORAÇÃO NÃO APRESENTADA AO SENHOR

 

“... e nada tendes, porque não pedis.” Tiago 4.2a

 

 

Por mais óbvio que seja, para recebermos algo, precisamos pedir! Como vimos na introdução deste artigo, existem diversos versículos que nos orientam a pedir o que precisamos a Deus, pois aquele que pede, recebe. Algumas pessoas entendem que não precisamos orar, pois Deus sabe tudo que precisamos, e Ele realmente sabe, porém, Deus nos orienta a pedir, porque gosta de nos ouvir e de se relacionar conosco. Certamente Deus sabia o que Jesus pensava, mas isso não impedia Jesus de passar horas a sós com Deus em oração! Davi, no Salmo 139, garante que antes mesmo de pronunciarmos uma palavra, Deus já conhece o que está prestes a ser verbalizado, e Jesus nos confirmou isso em Mateus 6.8. Lemos também que muitas vezes Deus nos ouve e responde antes mesmo de clamarmos (Isaías 65.24), mas estas ocorrências não devem calar nossos lábios. Vemos em alguns exemplos encontrados nos Evangelhos, a forma com que Jesus queria ouvir a voz dos pedintes, mesmo já sabendo o que seria pedido. (Lucas 18.41) Isso porque Ele nos ama, e assim como um pai gosta de ouvir seu filho, o Pai Eterno gosta de ouvir os Seus.

 

Assim como Deus pode nos dar antes de pedirmos, Ele pode não nos dar por não pedirmos. É o que nos diz Tiago, no versículo acima. Muitas vezes não temos recebido porque não temos expressado nosso desejo em receber; porque não temos pedido nada. Nos acomodamos na afirmação de que Deus sabe, e deixamos de desfrutar a comunhão e o relacionamento gerado com a oração. Creio piamente que Deus tem mais interesse em nos abençoar, do que nós mesmos, em ser abençoados. Deus tem mais vontade de nos presentear, do que nós, em pedirmos para ser presenteados, mas precisamos demonstrar nosso desejo em oração, apresentando nossos pedidos ao Senhor. Como Jesus disse, “peça, e será dado”, mas peça!

 

 

 

 

 

 

 

Estas são as doze orientações que encontrei na Palavra, para que nossas orações sejam eficazes, alcancem o Trono de Deus e viabilizem uma resposta e o recebimento das bênçãos de Deus sobre nossas vidas. Muitas vezes Deus pode não nos dar aquilo que queremos por estarmos em conflito com algum destes requisitos, portanto analise a si mesmo, mantenha-se firme em sua oração, e creia que ela será eficaz, desde que:

 

 

  1. Seja feita em nome de Jesus!

  2. Seja feita com fé!

  3. Seja feita conforme a vontade de Deus!

  4. Não seja uma oração egoísta!

  5. Acompanhe uma vida de santificação!

  6. Você medite na Palavra do Senhor!

  7. Você seja perseverante e paciente!

  8. Você perdoe as pessoas!

  9. Seja uma oração humilde!

  10. Você seja misericordioso!

  11. Você aja de forma correta em seu relacionamento conjugal!

  12. Você ore!

 

 

 

Que Deus te abençoe!

 

Eduardo Feldberg

www.eduardofeldberg.com.br

 

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